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Please Save my Earth, ou Boku no Chikyuu wo Mamotte...

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Please Save my Earth, ou Boku no Chikyuu wo Mamotte... Empty Please Save my Earth, ou Boku no Chikyuu wo Mamotte...

Mensagem por Angel_Dark Qui Fev 03 2011, 17:06

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Arisu é uma adolescente de 16 anos, tímida e sensível. Ela sofre com as brincadeiras maldosas e a perseguição de seu vizinho que só tem 7 anos. Seu terror aumenta quando é obrigada a servir de babá para o pestinha, e o pior é que ainda acontece um terrível acidente e o garoto quase morre. Surpreendente é que o mesmo menino que a terroriza, um belo dia confessa que a ama e quer casar com ela. Não bastasse isso, Arisu se sente deslocada, tem estranhas sensações e sente saudades de algo que não sabe exatamente o que é.
Um belo dia, a garota acaba ouvindo, por acaso, a conversa de dois colegas de escola e começa a pensar que os dois são namorados. Como aqueles dos mangás para meninas... Vocês sabem? O engano é desfeito e a menina acaba descobrindo que ela e os dois rapazes estão unidos por um passado comum, mas não nesta vida. Na verdade, eles são a reencarnação de cientistas extraterrestres que um diz tiveram uma base na lua. Só que as lembranças dos dois parecem mais claras e nítidas, enquanto as de Arisu parecem confusas e ela tem medo do que pode vir a descobrir. Mas uma coisa eles sabem: os cientistas eram sete ao todo e tudo indica que houve alguma terrível tragédia. Será que ela irá se repetir?

Embora aqui no Brasil muita gente desconheça, ficção científica é um gênero muito recorrente dentro dos shoujo mangás. Interessante é que a desinformação é tão grande que se esquecem que a autora não somente ajudou a lançar as bases do shounen-ai, mas produziu alguns dos melhores shoujos de ficção científica. De certa maneira, talvez por causa da força das fundadoras, algumas das histórias mais cultuadas de ficção científica acabam tendo um toque de tragédia, sofrimento e até pessimismo.

Boku no Chikyuu wo Mamotte foi publicado na Hana to Yume (*mesma de Fruits Basket e Angel Sanctuary*) entre 1987 e 1994, sendo considerado uma obra fundamental para quem gosta de shoujo e ficção científica. A série, que se estendeu por 21 volumes, aborda com grande competência não um futuro distante, mas um passado que atinge profundamente a vida de um grupo de jovens no Japão do século XX. Boku no Chikyuu wo Mamotte, Bokutama, como é chamado pelos fãs japoneses, ou ainda Please Save My Earth, título que recebeu internacionalmente, trata da questão da reencarnação, e de como o resgate das memórias de uma vida passada pode ser ao mesmo tempo reconfortante e extremamente dolorosa.

Voltando a história e sua protagonista, Arisu Sakaguchi, acabamos descobrindo ela tem o poder de compreender plantas e animais. Esse seu dom "maravilhoso" vem de Mokuren, sua identidade alien. Os dois companheiros que ela encontra no primeiro volume são Jinpachi Ogura e Issei Nishikiori. A confusão sobre a sexualidade de Issei e Jinpachi, ou melhor, Gyokuran e Enju, vem do fato de terem sido um casal em sua outra vida, só que ao reencarnarem, ambos voltam como homens. Mais tarde, descobrimos que Enju decidiu que queria voltar como homem, pois assim poderia estar sempre perto do amado, coisa que uma mulher não poderia fazer... Estranho? Pense em uma sociedade que segrega homens e mulheres, ser amigo garante mais proximidade do que ser esposa. Daí a cientista Enju vira Issei.

Com o tempo, os três encontram os amigos Sakura Kokusho e Daisuke Dobashi, que na outra vida foram Shushuran, melhor amiga de Enju, e Hiragi, o líder do grupo de cientistas. Só que continuam faltando dois. Eis que o vizinho de Arisu, Rin Kobayashi, se apresenta dizendo ser um dos cientistas. É ele que esclarece alguns aspectos da tragédia que marcou o fim do projeto e da vida dos cientistas. Como ele explica o fato de todos terem exatamente 16 anos e ele ser uma criança? Bem, de acordo com Rin, essa seria a sua segunda reencarnação, pois teria morrido em um acidente.

Com o tempo, descobrimos que Rin está mentindo e que ele não é quem diz ser. Além disso, ele ama Arisu/Mokuren e mostra ter uma personalidade das mais perigosas. Quem sofre mais com as ações de Rin, que possui poderes psíquicos, é o último dos adolescentes Haruhiko Kasama, menino de saúde frágil e que carrega grande culpa. Rin e Haruhiko são Shion e Shukaido, ambos apaixonados por Mokuren, ambos carregando grandes segredos, mas quem é quem só descobriremos no decorrer dos volumes. Só digo o seguinte: todos os cientistas morreram por causa de uma doença, mas um deles sobreviveu, enlouqueceu na sua solidão e é capaz de destruir a Terra. Shion ou Shukaido? Leia o mangá ou assista ao anime. Só digo o seguinte, o final do mangá é surpreendente. Fora, claro, que é mais uma história que mostra que a Torre de Tokyo não é monopólio da CLAMP.

A autora, Saki Hiwatari, não se preocupa muito em criar explicações mirabolantes ou pretensiosas para o seu critério de reencarnação. Por exemplo, como todos reencarnaram ao mesmo tempo? Por que todas as personagens se encontram com facilidade? Apesar dessa questão e outras mais poderem ser vistas como defeito, é inegável que a autora construiu uma trama que prende a atenção. Fora isso, ela apresenta de forma competente os aspectos principais da história já no primeiro volume, o que alguns autores e autoras não conseguem fazer, criando ansiedade e se movimentando bem entre o passado e o presente. Além disso, ela mostra como o grupo de adolescentes resgata sua amizade de outra vida e consegue curar velhas feridas.

Outro aspecto do mangá é a evolução da habilidade artística da autora. Os primeiros volumes trazem uma arte deficiente e feia, mas, com o tempo, ela vai se desenvolvendo até atingir um nível muito bom. Continua não sendo o shoujo mais bonito que você vai ver, mas está na média e a história compensa e muito. Sei que aqui no Brasil, muita gente esqueceria este último aspecto e se concentraria no traço para desqualificar a obra, mas já estamos acostumados com isso e quem acompanha mangá de verdade sabe que um bom desenhista não nasce pronto, mas é lapidado nos anos de trabalho e esforço. Nesse sentido, o autor de Ah! Megami-sama, Kosuke Fujishima, serve de bom exemplo.

Em 1994, Please Save My Earth foi transformado em série animada e foram feitos 6 OAVs. Muito pouco para uma série longa e complexa, verdade, no entanto, as escolhas foram boas e os episódios conseguiram captar a atmosfera do mangá e contar parte da história de maneira razoável. Fora isso, o character design ficou bonito e a trilha sonora é muito boa. Além do anime, outros produtos de Boku no Chikyuu wo Mamotte foram lançados, como um artbook. Fora isso o mangá já sofreu duas reedições, a primeira em 1998 em 12 volumes, e a segunda em 2004 em 10 volumes. Todas estão disponíveis para compra, basta olhar no site do Amazon Japão.

Sendo considerado uma obra das mais importantes da sua época, Boku no Chikyuu wo Mamotte, já foi publicada em vários países. Na Itália saiu pelo selo Planet Mangá da Panini com o título de "Proteggi la mia Terra", e os OAVs também foram lançados por lá. O Shoujo Manga Outline tem uma das melhores páginas sobre a série. Na Europa o mangá é publicado na França e na Alemanha. Já nos EUA, graças ao sucesso do anime e ao pedido dos fãs, que fizeram inclusive abaixo-assinado, a VIZ começou a publicar o mangá. Enquanto isso, aqui no Brasil continuamos defasados, e, além do preconceito contra os shoujo, muita gente só acha que o que é novo novíssimo pode ser interessante. Só temos a perder com isso.

Para quem se interessar pelo mangá, a versão bunko em 12 volumes foi traduzida por um grupo de fãs americanos, o The Band of the Hawks e pode ser encontrada na net sem grande dificuldade. O mesmo vale para o anime que pode ser achado com legendas em inglês ou em espanhol. Usando o E-Mule e com muita paciência, eu consegui juntar tudo o que pude sobre esta obra tão instigante e sensível. Vale a pena correr atrás, acredite!


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